É no domínio geral, que a significação de algo reside no sentido, inerente a um signo, o que implica, desde logo, a distinção entre o significante, que é a tradução fónica do conceito, e o significado, que é a contrapartida mental do significante, sendo admitido pela maior parte dos linguistas a necessidade da ligação, entre significante e significado, embora tais apologistas considerem a ligação arbitrária, ou seja, não derivada da necessidade natural.
Escritura pictográfica |
Interessa, a este trabalho, conduzir o signo para a ideia de que ele é a fundamentação da escrita, em tudo o que ela implica para o conhecimento humano e, nesse sentido, pode-se, numa primeira interpretação, considerar o signo como um índice que liga, indissoluvelmente, um sentido ou, mais rigorosamente, um significado a um morfema, isto é, a um fonema linguístico.
Hieróglifos egípcios |
Indiscutivelmente que a escrita é uma das formas de linguagem mais perfeitas que o homem criou, que utiliza em cada momento da sua vida, para expressar as inúmeras ideias, sentimentos, atitudes e, simultaneamente, estabelecer com o “outro”, seu igual, o diálogo necessário à vida em comum.
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A sua grande tarefa é mostrar que o referente, comunicado na linguagem, não tem uma prioridade semântica, porque a primazia está na escrita, e esta seria uma prática de diferenciação, que está pressuposta nos atos de fala (estrutura grafemática), critica o logocentrismo inerente à filosofia analítica e procura mostrar que, por detrás da ontosemântica, existe uma marca e, nessa linha, propõe o conceito de escrita como uma diferença.
Para Derrida, a escrita é inerente à linguagem, e a fala fonética pode ser olhada como uma escrita, deslocando a dinâmica do sistema signo-sentido-conceito, abrindo à «possibilidade de pensar, na linguagem, aquilo que não é signo-sentido-conceito. A escrita marca a diferença, tende a transformar-se na realidade; neutraliza a hipóstase fonológica do signo e introduz no pensamento do signo (da língua) a substância gráfica» (in: KRISTEVA, 1980:31).
Derrida considera que: «Qualquer escrita deve, portanto, para ser o que é, poder funcionar na ausência radical de qualquer destinatário empiricamente determinado em geral. E esta ausência radical não é uma modificação contínua da presença, é uma rutura da presença, a “morte” ou a possibilidade da “morte” do destinatário, inscrita na estrutura da marca, é neste ponto, digo-o de passagem, que o valor ou: “o efeito” da transcendentalidade se liga, necessariamente, à possibilidade da escrita e da “morte” assim analisadas.» (DERRIDA, 1985:411).
Derrida conclui o seu pensamento sobre a primazia do significante na escrita, sugerindo que o signo deixe de ser o veículo de transmissão de sentido, na medida em que: «Enquanto escrita, a comunicação, se nos mantivermos fiéis a esta palavra, não constitui o meio de transporte de sentido (…) mas antes um desdobramento histórico cada vez mais poderoso de uma escrita geral de que o sistema da fala, da consciência, do sentido, da presença, da verdade, etc., continuaria apenas um efeito e como tal deve ser analisado.» (Ibid.:432)
O efeito a que alude Derrida, relativamente à comunicação escrita, naturalmente que não dispensa as potencialidades da linguagem escrita, no sentido perspetivado para o conhecimento, porque este, de facto, é indissociável da linguagem.
Bibliografia
DERRIDA. Jaques, (1985). Assinatura, Acontecimento
Contexto. Margens da Filosofia. Tradução, J. T. Costa e A. M. Magalhães. Porto:
Res.
KRISTIEVA, J., (1980). História de Linguagem. Tradução, Vários. Lisboa: Almedina.
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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