Ter amigos inimigos
Bem mais vale não os ter
Como figueira com figos
Todos os querem comer
Depois dos figos colhidos
Vêm-lhe urinar ao toro
São uns amigos fingidos
Sem vergonha nem decoro
Quando ficamos por cima
Chovem amigos a rodos
Ao cair-se muda o clima
Das misérias fogem todos
Quando se está no poder
Passeiam todos à porta
Depois mandam-nos colher
As favas podres da horta
Metem-se dentro da toca
Como os coelhos na neve
Com medo que alguma moca
Os atravesse ou os leve
Os amigos que o não são
Também não os quero ter
São amigos de ocasião
Que nunca chegaram ser
Os amigos de verdade
São amigos por inteiro
Dão à vida claridade
Conhecem-se pelo cheiro
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