O homem transporta em si três mundos: o material, com todo o peso da natureza; o imaterial com a profundidade dos seus sentimentos, emoções e personalidade própria e o artificial, resultante de tudo quanto ele vai construindo. O novo cidadão saberá construir um mundo factício, mais verdadeiro e mais justo.
Angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, moçambicanos, portugueses, são-tomenses, timorenses, bem como alguns macaenses e indianos, e, mais recentemente, guineenses equatoriais, orgulhar-se-ão deste cidadão que se comunica, se interrelaciona e se emociona, na língua de Camões.
Que maior privilégio se poderia alcançar, do que este simples reconhecimento de uma Língua comum, e uma História parcialmente partilhada por mais de duzentos e cinquenta milhões de seres humanos, pelas quais se sentem, afetiva e emocionalmente, ligados? Que maior honra do que ser-se cidadão do mundo, com a marca da Lusofonia? Sejam quais forem os regimes político-institucionais, acredita-se que os seus responsáveis, tudo farão para que este valor, que é a Lusofonia, se aprofunde e consolide, para que o novo cidadão dele emergente, seja o produto final que todos desejarão interiorizar e imitar.
O cidadão luso-brasileiro, que se construirá ao longo da presente dissertação, será um dos homens de boa-vontade e, nesse sentido, preparar-se-á com total empenhamento, responsabilidade e competência, canalizando todos os seus conhecimentos, experiências e sensibilidade, para os valores consagrados numa democracia de verdadeira cidadania.
Cada cidadão exercerá os seus direitos, cumprirá com os inerentes deveres, sem perder de vista os valores do progresso, do desenvolvimento, do bem-estar da sociedade, onde cada vez haja mais lugar à inclusão: social, política, económica, profissional, cultural e universal, para que todos possam beneficiar: da Paz, da Justiça, da Educação, da Solidariedade, da Tolerância e da Democracia. Uma sociedade onde não haja mais lugar aos linchamentos públicos, por força dos pensamentos, convicções, ideologias político-partidárias, religiosas e outras, que cada um tem o direito de professar, desde que não ofenda os seus semelhantes e, em igualdade de circunstâncias, respeite as ideias destes.
É este o cidadão global, que se deseja para o mundo deste novo século XXI, desde logo a desenvolver-se a partir dos espaços luso-brasileiro, lusófono e ecuménico. Um cidadão de princípios, de valores, de crenças, de convicções, de trabalho e de autoestima. Um novo e respeitável cidadão do mundo.
O povo lusófono é hoje credor, em todo o mundo, de maior consideração e reconhecimento: não só pelos seus feitos passados; mas, também, pela postura presente, face aos valores universais que vem defendendo e perspetivando para um futuro de total respeitabilidade e agradecimento internacionais. Este povo que assumiu os seus erros que, na pobreza dos seus recursos naturais, ou de menor desenvolvimento material, tem mostrado ao mundo, a sua inesgotável capacidade de solidariedade, para com os povos que sofrem.
Várias são as razões, em relação às quais se apela para a maior generosidade e tolerância, justamente porque: o Brasil, constitui o primeiro território que, formalmente, se libertou, por um processo não-violento, do domínio absolutista português, mas que ao longo de mais de cinco séculos tem marcado uma relação agradável com Portugal; um país onde trabalha a maior comunidade de emigrantes portugueses; um povo que mantém uma fidelidade muito profunda, e sincera aos valores humanistas e universais, tal como os portugueses; uma nação que nos caminhos da democracia, vem construindo um futuro de prosperidade de paz e de solidariedade, como igualmente Portugal procura fazer; enfim, um povo que, docilmente, acolheu a corte portuguesa em período difícil, para a soberania nacional.
É fundamental ter consciência desta realidade, ser-se otimista e dar um voto de confiança na capacidade dos homens para, mais tarde ou mais cedo, se compreender a inevitabilidade de que todos têm que se compreender. Para que tal entendimento venha a ocorrer, há um caminho difícil a percorrer, que passa pela educação e formação do homem, ao longo da vida, para o desempenho da cidadania que, por sua vez, é incompatível com o desrespeito pelas regras democráticas, e pelo exercício dos direitos e cumprimento dos deveres.
Precisamente, nesta linha de orientação lógica, defende-se a importância da experiência e dos conhecimentos acumulados que, independentemente da idade, devem ser colocados ao serviço da sociedade, e por esta reconhecidos. Num mundo tão carenciado de bons exemplos, da prática de valores altruístas e de paradigmas ético-morais, há lugar para todos participarem no processo de pacificação da humanidade.
A dimensão política do homem conta já mais de dois milénios, desde que se começou a manifestar e, de então para cá, os Estados se foram organizando diplomaticamente. A política será uma das mais nobres funções do homem, se exercida para resolução dos problemas gerais da sociedade e, portanto, ao serviço do bem e do interesse coletivos.
O cidadão que se defende neste trabalho, deverá preparar-se para uma vida ativa ao longo de toda a sua existência, para isso adotou-se uma referência consubstanciada num português, que para este efeito foi considerado luso-brasileiro, ou simplesmente lusófono, (Silvestre Pinheiro Ferreira, 1769-1846, Filósofo, Professor, Jurisconsulto e Ministro de D. João VI).
Conclui-se a preparação do cidadão do século XXI, com o apoio de algumas das dimensões intervenientes no processo de socialização, que significa formação do cidadão. Há muita satisfação, por se ter dado este modesto contributo para as gerações vindouras, e espera-se a melhor compreensão, tolerância e generosidade de quem desejar comungar destes ideais.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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