(adaptação duma história que li)
Sabe-se por uma história bem arcaica
daquelas que os canhenhos nos deixaram:
(um tipo de parábola judaica)
que Verdade e Mentira se encontraram
Disse então a Mentira prá Verdade:
- Bom dia minha amiga! Rico dia!
A Verdade, crendo ser uma falsidade,
fez logo indagação, se era um bom dia:
Não viu nuvens nem chuva... e os passarinhos
cantavam bem alegres pelo espaço
E vendo que não era uma balela
responde:
- Olá Dona Mentira, gosto em vê-la!
Bom dia! Dê-me cá o seu abraço!
- Está muito calor hoje! - disse a Mentira;
E a Verdade, a frase, apreciou;
(calor, bem fácil é que se confira,
sendo que a Verdade, sentindo-o, relaxou)
De seguida, a Mentira entrou no rio...
- Venha Dona Verdade, que delícia!
A Verdade, feliz, lá se despiu
e entrou; uma nadadora com perícia!
Mas logo que a Verdade mergulhou,
fez a Mentira a sua escapadela:
o que era da Verdade, então roubou,
vestiu-se e abalou co' as roupas dela
Esta, sempre leal a quem (a) inquira
e até por nada ter a envergonhar-se,
não quis vestir as roupas da Mentira
e foi nua, p’la rua, a passear-se
Mas viu – oh que desgosto! - a realidade:
que as pessoas que via pela rua,
aceitavam a Mentira, vestida de Verdade…
mas já não a Verdade, nua e crua.
(editado em Transparências da Alma)
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