És a laranja,
na minha boca
com sabor agridoce
que me fere os lábios
mas adoça todo o ser,
corroi as entranhas,
misto de mel e amargor.
Podia dizer-te
do brilho dos teus olhos
atrevidos:
ofuscam o azul celeste
que vemos no Céu
envergonhado dirias
"são os teus olhos, amor"
mas o dourado que deles brota
desenha no ar
a mais bela tela alguma vez imaginada.
Podia dizer-te
que o teu peito é ninho
onde a minha cabeça repousa
em soluços de incerteza
de brisa passageira
ou tempestade que arrasa,
voar de colibri
borboleta colorida,
pipilar de passarinho
andorinha que traz a primavera
ou planicie de belas flores.
Podia dizer-te
do amor e dos afetos
música para o coração
da dança dos cisnes
uma canção de Sinatra
um quadro de Monet
esses bens tão preciosos
que se esfumam pouco a pouco
artifícios que se usam
ter aquela sensação
de amor sereno e forte
porém tudo é efêmero
a paixão é finita.
Assim minha esperança foge
Perde-se na incerteza...
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