Cidade de Aveiro- Poema e voz de Joaquim Sustelo

 

Deixei o meu olhar pela cidade

Num barco moliceiro, que sulcando,

Sua peculiar identidade

Me foi nos seus canais apresentando

 

Canal Central, mais largo e bem mais cheio

De barcos com pinturas multicores

A colorir também nosso passeio

Repleto bem de sonhos e de flores

 

O homem do comando faz um toque:

Na proa uma ajudante se empoleira

Pra ver se vem um barco do São Roque (*)

Ou se podemos ir logo à primeira

 

Um prédio nos sorri em pequenez

Um outro mostra âncoras-janelas;

Há armazéns de sal que o tempo fez

Dormir em suas formas tão singelas...

 

E a minimizar do mar o dano,

Prédios com azulejos - proteção.

Que é forte a maresia... e o oceano

Invade-a e faz mossa ao coração

 

Porém, com seus canais em lindos versos

Faz-lhe também poesia. (O canal Cojo

Beijando-a no Palácio dos Congressos

Adentra-a... namorando-a, com arrojo!)

 

Três prédios ovalados formam barcos,

Um Fórum mais abaixo nos convida...

Há flores no canal sobre um dos arcos

Ali onde a cidade tem mais vida

 

Floresce-a inda mais a avenida,

No meio, como sendo a sua espinha;

Ao cimo há a Estação, tão bem vestida,

Que mostra com orgulho a velha linha

 

 

Jardins aqui, além, fazem encanto

A todo o que a visita, na certeza

Que vai amá-la sempre! Sempre e tanto

Pois sabe que ela é sua Veneza!

 

 

Deixei o meu olhar pela cidade

Na esp'rança de voltar talvez em breve...

O coração, a ir, me persuade.

A alma sempre lá me fica leve. 

 

 

(*) canal São Roque, ao qual se acede

por uma pequena entrada



                    (editado em SOL E NUVENS NO POENTE)



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