Coimbra cercada pelas chamas- Rama Lyon



Quatro anos depois, quero aqui recordar o triste incêndio que veio trágicamente visitar a zona urbana da cidade de Coimbra, na madrugada de 22 de Agosto de 2005.


O fogo nas asas do vento
Desceu da serra a correr
E passado pouco tempo
Coimbra estava a arder.

Foi uma vaga d’aflição;
Mar de chamas, ansiedade,
O inferno em revolução,
À volta desta cidade.

Consumindo habitações
E tudo mais onde passava,
Sem reparar nas aflições
Que a tanta gente causava.

Labaredas incontroladas
Por todo o lado sem rumo,
Reduziam florestas amadas,
Em tristes nuvens de fumo.

Frente aos olhos de pavor
De tantas cabeças humanas,
Foi destruída, que horror,
A Mata de Vale de Canas.

Coimbra ficou doente
Depois desta operação.
Perdeu-se na cinza quente,
Enterrado o seu ‘pulmão’.

Que Deus nos dê a coragem
P´ra esta batalha vencer
E ter de novo a paisagem
Com árvores a enverdecer.

Rama Lyon

NOTA: Este poema foi escrito em Agosto de 2005, quando as
cinzas ainda fumegavam em redor da cidade.

Comentários

Eduardo Mesquita disse…
Fico feliz por usar palavras tão expressivas para descrever um fenómeno da natureza que por vezes não o será tanto assim. Num tom muito sério este poema revela um sentimento por uma zona verde que se perdeu num ápice e a preocupação das gentes atingidas por tal fenómeno. A solidariedade é sempre muito importante não só para com as pessoas mas também para com a própria natureza.
Um abraço.
Eduardo.