Ao sol-por- Teixeira de Pascoaes


Eu canto no crepúsculo... A Tristeza
recorda-me longínqua aspiração,
na qual pressinto a imagem da beleza
que os meus olhos, um dia,alcançarão...

A paisagem,na sombra, sonha e reza...
Seu vulto é de fantástica visão.
Dir-se-á que a imperdemida Natureza
tem lágrimas a arder o coração.

E canto a minha mágoa; vou cantando...
E vou, saudoso e pálido, ficando
mais distante de mim, mais para além...

Nesta melancolia, que é chorar
sem lágrimas,eu vivo a meditar
no que me prende... a terra, o céu, alguém?


Comentários

Eduardo Mesquita disse…
Um poema que idolatra a tristeza de uma maneira rara, de tao marcante ser a profundidade das suas palavras. Um poema que merece ser meditado depois de lido e relido depois de meditar. E' um dos tais poemas que da' vontade de ler em voz alta.
Eduardo