Cruzeiro- Eduardo Mesquita


Nómadas, como as selvas em que habitam,
desumanas, estas vidas não escolhidas,
trilham caminhos minados que suscitam,
riscos intermitentes em juventudes perdidas.

Em terras de ninguém, arriscam as suas vidas,
obedecendo às ordens, dos que à guerra incitam,
pensando no regresso, com as missões cumpridas,
cumprindo o dever, dos que o dever, evitam.

Assim, de alma em punho, armados de coragem,
no silêncio da noite, viajam de canoa,
delirando, enquanto chegam à outra margem.

Pensam na familia, numa refeição boa,
que foi em Almada, que começou a viagem
e que na outra margem se encontra Lisboa.

Eduardo Mesquita
Se eu fosse companheiro de alguns combatentes das antigas
colónias, seria esta a minha forma de incentivo.
Sei que a canseira e a saudade levou muitos deles a delirar
e este seria o delírio que eu lhes desejaria como companheiro.
Dedicado ao meu amigo
Rama Lyon.

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