Conforto- Eduardo Mesquita


Cinzento, hoje está o céu, numa imagem sisuda,
com nuvens muito densas, aqui e além
parecendo profetizar uma tempestade...
Não...talvez seja apenas o sol a pedir ajuda,
por se não querer mostrar a ninguém,
que envergonhado perdeu a luminosidade.

Nas ruas já gotejam pingos de água doce,
em sons molhados, que ao meu rosto se ofertam,
numa frescura que suaviza a respiração.
São como lampejos de tristeza que alguém trouxe,
e que minuciosamente tudo acertam,
quando é chegado o fim de mais um Verão.

E na suavidade da brisa que aparece,
encontro o sabor das saudades da lareira,
e da minha escrivaninha onde medito.
No meu rosto molhado, um sorriso acontece
ao pensar em vinho novo e em farinheira
e no crepitar de lenha a arder, onde dormito.

E de novo olho o céu, que continua cinzento
mais belo agora, sem a tempestade anunciar,
onde por detras, o sol, se desvanece.
Esqueço as praias , o calor estival...vivo este momento,
ao sentir a chuva, o frio e o conforto do lar,
que o Outono numa bandeja de prata me oferece.

Eduardo Mesquita.


Comentários