Recado- Eduardo Mesquita

Aquela nuvem cinzenta, que no céu passa depressa,
vai visitar o meu amor, que mora longe de mim,
leva a chuva dos meus olhos, da minha tristeza expressa
num manto de veludo bordado, com ramos de alecrim,
e dois corações que o cupido, com uma lança atravessa.

Leva também a saudade e as minhas mãos tão vazias,
leva este quadro singular, da janela de onde tudo vejo,
a vontade de tornar mais curtos estes longos dias,
leva a ânsia de me perder, no mais desejado beijo
para poder encontrar, os lábios, que são os meus guias.

Nuvem que vais tão ligeira, não te esqueças de levar
um recado que aqui guardo, dentro do meu peito triste,
leva-o com muito cuidado, que não se vá a quebrar,
e quando chegares ao destino, vais ver o que nunca viste,
o mais belo ser do mundo lá em baixo a esperar.

Suavemente a chuva caiu, e num cenário maior
um ser no rosto sentiu, bátegas de água suplicantes
e um estranho sussurro ouviu das gotas em forma de dor,
«São as lágrimas que por ti choro, que nunca chorara antes,
sente-as assim no teu rosto, sente como é grande o meu amor.


Para ti meu amor, este sentir de lágrimas repleto,
que procuram no teu rosto, o refugio para este triste momento.
Te amo

Eduardo Mesquita

Comentários

Nina Pilar disse…
lindíssima poesia...cheia de emoção!

beijinhos...
e com ave maria no fundo de Schubert, nos faz transcender neste violoncelo que parece chorar!