Fado- Adolfo Casais Monteiro

Vem, vento, 
varre sonhos e mortos. 
Vem, vento, 
varre medos e culpas. 
Quer seja dia, 
quer faça treva, 
varre sem pena, 
leva adiante 
paz e sossego,
 leva contigo 
nocturnas preces,
 presságios fúnebres,
 pávidos rostos 
só cobardia. 
Que fique apenas 
erecto e duro 
o tronco estreme 
de raiz funda. 
Leva a doçura, 
se for preciso: 
ao canto fundo 
basta o que basta. 
Vem, vento, varre!

 Adolfo Casais Monteiro
(A José Rodrigues Miguéis )

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