O Rochedo

O Rochedo

Não...nunca farei alguém sorrir.
A primavera não existe em mim,
apenas um rochedo enorme, amorfo sem ressentimentos.
Não tenho que pensar, basta ver, tudo é tão real.
Nunca irei brilhar em algum universo
as galáxias estão muito longe dos meus poderes,
estão muito distantes dos meus conhecimentos.
Muito mais fiel sou ao solo que piso todos os dias,
ao frio que tantas vezes sinto, ao suor do meu rosto,
ao rochedo que não fala mas que tanto me escuta.
Não...nunca farei alguém sorrir,
o meu rosto é sério demais, as minhas mãos muito ocupadas
e os meus olhos sempre longínquos, nem de graça
cairão na graça de alguém.
Nunca serei eu uma possivel cura, uma fonte de esperança,
um fiel depositário, uma chama que aqueça, uma promessa
cumprida ou uma mensagem desejada,
porque o rochedo que vive em mim
não me deixa sorrir disfarçadamente.
O rochedo nunca irá esconder a minha felicidade...
nunca me deixará sorrir.
Não, não sou eu que traz a felicidade, o descanso
e a esperança, simplesmente porque não sou
importante como outros serão...
Não sei sorrir, não sei falar, não sei acreditar nas galáxias,
não sei meditar, não sei descansar...afinal o que eu sei,
quem eu sou,
de onde vim, para onde vou? Não sei.
Mas o rochedo sabe
e não me deixa sorrir
para não ocultar a felicidade.


Eduardo Mesquita

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