...Assim se me acercam hoje as ideias,
num emaranhado novelo de infindáveis clamores,
de onde sobressaem, como num castelo sem ameias,
as dúvidas que se disparam como flechas de dores,
que se perdem no vazio de esgotadas veias.
...Procuro no meu suor de nove dias passados,
um sorriso, um olhar que me faça existir,
e encontro em cinco dias desesperados,
as dúvidas de sonos que passam sem dormir,
para adormecerem, nos meus olhos acordados.
...Em lamentos aniversariantes, procuro entender
na beleza de um texto que em mim fica guardado,
porque é que a tristeza tem sempre que vencer,
a razão de um amor que vive em todo o lado,
tão transparente que não precisa ter,
os acordes de um hino que não foi cantado.
...Parabéns; que palavra, hoje, tão importante,
muito mais que todos os dias sem parabéns,
muito mais que um amor, no silêncio viajante,
que parte e que chega como o maior dos bens,
e sempre se oferece, mesmo quando está distante.
...Assim as minhas ideias se turvam, sem ideal
se transportam em neblinas agrestes e confusas,
e se acercam de um imenso temporal,
onde raios de luz se perdem em trincheiras difusas,
transformando a minha mente numa batalha campal.
...Quero adormecer no cansaço
e descobrir nos meus sonhos uma palavra que baste,
parabéns!- da-me um abraço,
já passaram os nove dias
e estou feliz porque voltaste!-
...Quero sonhar que o dirias.
Eduardo Mesquita.
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