Contente ou triste Eduardo Mesquita

Contente ou triste

Caminha cabisbaixo pelo passeio da rua enlameada,
restos de neve suja pelo degelo, sulcam os seus passos,
onde o vento  se passeia frio no principio da madrugada,
e no chão sinais dos carros que deixaram os seus traços.
Caminha firme, parece decidido, não evitando os charcos,
de neve derretida, sempre de olhos pregados no chão.
Uma ténue luz ilumina a torre da igreja e os seus arcos,
e ao longe se ouve o ganir de um assustado cão.
Não sei se vai feliz ou com quem se vai encontrar,
não sei qual o seu destino, mas sei a sua direcção,
não sei de onde vem, mas sei que pelo seu caminhar,
ele sabe para onde vai com grande decisão...
No virar da esquina, para o autocarro.
O homem entra  e sorri para o motorista— bom dia João,
foi mesmo à hora, nem tempo tive para acender o cigarro.
—Bom dia Zé, tens o trabalho à espera.
E sentou–se no seu lugar
para  em breve, um novo dia de trabalho começar.
E assim muito cedo , triste ou contente
o homem partiu...e em mim só uma dúvida persiste
se o regresso o trará contente ou triste.
Eu espero que venha feliz.


Eduardo Mesquita

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