Era a noite, pesada de grandeza,
Num fundo negro como uma traição...
Era o facho vermelho da certeza
Que aos poucos se apagava em cada mão...
Era o febril silêncio de quem reza
No silêncio febril do coração...
Era a vida a acabar-me sem beleza
E no amargor de a ter vivido em vão...
Mas a manhã rasgou trevas e assombros
E, lírica, entornou sobre os meus ombros
A bênção duma luz precisa e franca.
E eu fiquei pura, transparente e calma,
Como se de repente na minha alma
Tivesse aberto uma açucena branca.
Maria Helena
Do livro
´´À ETERNA LUZ DOS INFINITOS SÓIS``
Comentários