SAUDADE- João Murty



A noite findou, a luz do sol chega devagar,
caminho embriagado no berço da ilusão.
O vento frio soprado do lado do mar,
acompanha-me na saudade e solidão.

Minha mente voa, o ar gorjeia e soluça,
sinto no rosto o ardor da caminhada.
Dentro de mim a tua imagem se debruça,
saudade e mágoas marcam a passada.

Porque não vens no teu corcel alado,
voando por entre a montanha agreste?
De ti, apenas tenho o meu peito tatuado,
palavras de fogo, adágio deste advento.
E a pele ferrada de juras que me fizeste,
marcas de falácias e agruras no sentimento.

Podes repousar nos escombros do meu coração,
mergulhando no calor do pensamento,
onde meus devaneios se moldam e a ilusão
companheira da saudade e do sentimento,
se anuncia a cada passo como um eco fluido,
trazendo lágrimas às brumas do meu olhar vazio.

Mente embriagada, porque insistes na amargura?
Descompasso o tempo, a caminho do infinito,
num frémito vibrante ruído, cerro a mente à loucura.
A saudade viaja comigo neste silêncio onde habito.

João Murty

Comentários