Estava eu sentada num banco da praça olhando distraída para a multidão,
quando um velhinho se aproximou de mim, com uma bengala na mão.
Sorriu-me e perguntou se podia sentar-se ao meu lado,
porque, de tanto andar, se sentia um pouco cansado.
Sorri e disse-lhe que sim,
que podia sentar-se perto de mim.
Parecendo adivinhar minha curiosidade
assim falou sobre sua idade:
Tenho todas as idades que pode imaginar e outras mais.
Me surpreendi com sua resposta
e quis saber de onde lhe vinha tanta vitalidade.
Eu a renovo sempre
quando começo a me sentir um velho decadente.
Com ele fui me encantando e,
durante muito tempo, ficamos ali conversando.
Falou-me sobre sua vida,
que não era perfeita mas bem vivida
e também sobre a poesia
que vivia no dia-a-dia.
Sua fala sábia me encantava
e quanto mais falava mais eu gostava.
De repente, tomando minhas mãos, disse-me assim:
Grave bem isto:
O segredo da felicidade
é viver sem se preocupar com a idade.
É procurar viver bem cada dia
e ver em tudo mais poesia.
É renovar sempre
quando se sentir decadente.
É não ficar lamentando o passado
nem deixar sentimento de mágoa acumulado.
É pensar que em toda renovação
vem de Deus uma bênção!
Dizendo isso, levantou-se e foi embora cantando no meio do povo:
FELIZ ANO NOVO!
Irene Coimbra
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