VARIAÇÕES DO MEDO- Ana Barbara Santo Antonio


Todas as noites
Num útero seco maternal
Tenho uma mãe
A chorar nos meus olhos
Caudal de lágrimas sanguíneas
A escorrer dos ventrículos cerebrais
Pérolas de sangue e um poema a ardejar
Sentimental
De inquietação
Dores dorsais
Da imaginação
E um frio medular
Um suor de liquor
Uma linfa de cetim
A cobrir a nudez dos versos sem fim
E um sorriso de silencio a latejar
Ruborizada palidez das palavras
Um medo embrulhado no peito
Da noite a querer estender se a meu lado
Na cama vazia do leito
Um olhar velado e pó
Gemem os ossos com o peso dos lençóis
Tange da noite escura a mó
Quase um travo de loucura a florir
E as mantas presas na pele do sentir
Lançam dos sonhos demoníacos anzóis
O sono agre e fel da ferida
Atemoriza em variações amedrontadas da estrofe das dores
Ja tive melhores dias
Há males menores pelo bem das flores
Agora agonizo na sombra sonolenta da vida
Resta-me esperar
Quase de partida
As horas fugidias
Que não soube agarrar
...
musa


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