Sei que há entradas secretas
nos teus olhos flor molhada
(umas vezes de chuva quente,
outras de pingos de mel,
outras ainda,
de um beijo lambuzando o céu azul).
Sei que há portas secretas
(nos teus olhos, nos teus olhos)
e ainda hei-de encontrá-las,
se eu quiser.
Sei também que há suspeitas
que a tua boca é frutada
(umas vezes ameixa intensa,
outras pêssego pastel,
outras ainda,
cereja madura, rebrilhando ao sol).
Sei bem que não são suspeitas
(tenho a certeza, pimpolho!),
e ainda hei-de prová-las,
bem-me-quer.
Nos teus olhos flores de encanto
ainda hei-de encontrar
o arco-íris.
E a tua boca de espanto
há-de ainda esfomear
quem me diz:
“Como é tão diferente,
esse petiz!”
Mas eu sei...
Sei que tens ouros secretos
no chão dos teus olhos fundos
e tudo menos discretos
são teus beijos rechonchudos,
flor-de-lei...
Meu lírio doce,
que guardas tantas certezas
sem saber
-
Se o amor só fosse
teu abraço de riquezas...
dele quereria viver.
(Poema vencedor do XIX Concurso de Poesia da APPACDM de Setúbal - 2014)
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