Esperança- Célia Moura



Abri todas as grades
mutilei as grinaldas
despejei dos poros as 'ites'
Serei sempre um balde derramado de nada!
Nasci e me executei do lado errado da estrada.
Amarelas, verdes e vermelhas as campas que me acalentariam,
fiquei-me pelo esvoaçar na eira
sem nunca ter sido encontrada.
Escancarei demais a insónia
só para adormecer em todas as tempestades.
Sentir a chuva nos seios e nos cabelos.
Estou um balde despejado em plena rua despida
absorvendo «champagne».
A Lua é o cristal prometido que ficou na vidraça
como um útero ou uma gruta de Afro.
Abri todas as grades,
vomitei dores de uma alma aniquilada.
Lancei fora as farpas!
Trago um peito rasgado,
risonho de crianças!

Célia Moura

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