“Campo” – Afonso Duarte



Este verde impossível de se ver,
Que alegre o camponês cultiva o prazo,
Não dá sequer para me aborrecer
Na extensão sem fim do campo raso.

Sem fim, a vida, deixa se correr
Lisa e fatal, serena, sem acaso.
E acontece o que tem de acontecer
Como quem já da vida não faz caso.

Nada se passa aqui de extraordinário:
Tudo assim, como peixe no aquário,
Sem relevo, sem isto, sem aquilo;

Muito bucólico a favor da besta,
O campo, sim, é esta coisa fresca…
Coaxar de rãs, a música do estilo.

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