Hibernação- Eduardo Mesquita


     

Por ti, vou agora  parecer indiferente,
ao que ouço, ao que me rodeia. 
Vou parecer que não vejo, que não estou.
Por ti vou fingir que tudo me parece certo.
Mas tu saberás sempre desse fingimento,
desse meu não estar, onde sempre estarei.
Estou cansado sim, é verdade
de ver passar o tempo no vazio,
de ouvir dizer que nada tem mal,
estou cansado de tantas indiferenças, 
de ver os dias serem iguais ás noites,
tamanha escuridão. 
Os dias que não são nossos...mas também são, 
de inverno iguais aos do verão.
Nada tem mal, porque se hiberna
no inconsciente.
Está tudo bem, 
as roseiras vão florir, as trovoadas vão voltar,
a neve vai voltar a cair
e assim os dias vão passar,
sempre da mesma maneira, neste lugar,
onde cada minuto se repete
e o único mal, são as nossas preocupações.
Porquê?
Por ti, vou continuar a parecer que já não sou,
mas vou continuar a ser...

Eduardo Mesquita.

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