ROSA DOS VENTOS- Célia Moura




Não consinto mil folhas sequiosas
Em meus olhos!
Sou eu quem desfolha as perfeitas rosas,
Em meu ventre rendido
Por mãos de artífice.
Não quero fugidias, as pombas,
Entre as causas do porvir,
Nem saudosas lápides!
Primitivos, os silenciosos gritos
Bailando madrugadas pelas praças.
Eram reis, eram mendigos buscando abrigo
Em qualquer cais bendito,
Camões, Pessanha, Neruda, Ary ou Pessoa,...
Todos juntos!
Não consinto pois,
Mar de lamento, ou lágrimas em Cabos de Tormenta!
Por nós se firmou alento!
Por nós se abriu, qual Mar Vermelho,
Além do imponente porte!
Majestosa Liberdade,
Visão enevoada na alegria das sereias.
Soberana Revelação,
Meu Oceano de União!
Em todas as preces te beijo,
Enquanto, encendida a noite regressa,
Trazendo-me o fado de braço dado.
E pois, não finjo nem consinto,
Que moribundas as outonais folhas
Me cubram os seios de despedida!
Ninguém me trouxe aqui!
Fui eu que vim!
Em fresca manhã de Primavera,
Parida em profunda dor,
Surgi!
Sim,
Para me entregar à Luz,
É que eu vim!

de Célia Moura,poesia




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