Quem consultar o calendário das efemérides, depara-se com uma panóplia de comemorações praticamente para todos os dias do ano e, para alguns desses dias, até se celebram diversos eventos: comemorações e recordações; das invocações hagiográficas aos temas mais horrendos praticados pela humanidade; e/ou pela própria Natureza.
Resulta desta ordenação que, praticamente, cada dia
do ano, o designamos por: “Dia Mundial de …”, “Dia Nacional de …”, “Dia dos
Direitos Humanos” e tantas outras centenas de dias, prática que se julga
interessante, principalmente, para chamar a atenção daquelas pessoas mais
distraídas, ou que pretendem passar uma esponja pela História, pelos costumes e
pelas tradições.
O ser humano, diferente de todos os demais
habitantes e fenómenos na terra, tem uma História, que deve tentar melhorar, no
sentido de, científica e tecnologicamente, chegar o mais próximo possível da
verdade que terá ocorrido no passado. Ignorar o pretérito, é como desaculturar
um povo.
Um ano se passou e, novamente, estamos a vivenciar
mais um período tradicional e muito sensível, no melhor sentido do termo, ou
seja: a Quadra Natalícia é, possivelmente, um espaço de tempo muito próprio para
estreitar amizades, reunir as famílias, em boa Harmonia, com alegria, paz e
felicidade, entre os seus membros.
O Natal é vivenciado em quase todos os países do
mundo, como sendo a festa da família e, Portugal não foge a esta tradição, pelo
contrário. Não é por acaso que há Governos, que concedem tolerância de ponto
nos dias 24 e 31 de dezembro, precisamente para que as pessoas se desloquem,
principalmente dos centros urbanos e até de outros países, para as suas aldeias
de naturalidade, nas quais se reúnem com os restantes familiares. Claro que o
movimento inverso, não é tão intenso.
Este dia do ano, comemorado pelos crentes cristãos,
assinalando o nascimento de Jesus Cristo, naturalmente que é experienciado com
a maior religiosidade, respeito e várias cerimónias do culto. Sucedem-se, um
pouco em todas as Igrejas os rituais próprios das diversas religiões.
Por outro lado, o Natal, na circunstância, em
Portugal, é, geralmente um tempo de alegria, de encontros, troca de presentes e
onde a gastronomia, relativamente diversificada, em função dos hábitos e
tradições de cada região, faz as honras da época e, globalmente, do País.
Em qualquer parte do mundo, onde se celebra o
Natal, nas suas duas dimensões: a sagrada e a profana, verifica-se que quanto a
esta última, se poderia considerar um período consumista, em que a corrida aos
estabelecimentos comerciais é quase uma loucura, de resto, no próprio dia 24 de
dezembro, bem ao final da tarde, ainda há quem procure comprar o objeto que
deseja oferecera a alguém.
A outra face do Natal, eventualmente, a mais
perversa, prende-se com a situação daquelas pessoas sem-abrigo, das famílias
que ainda vivem no limiar da pobreza, ou em autêntica miséria. É certo que
nesta quadra há dezenas de Instituições sociais e organizações não
governamentais e de voluntariado que prestam o auxílio solidário possível,
nomeadamente: alimentação condizente com a época, abrigo e higiene.
Por isso mesmo, sempre haverá quem diga que todos
os dias deveriam ser Natal, porque assim nunca nos esqueceríamos: dos mais
desfavorecidos, dos marginalizado, dos imigrantes e de todos os que, de alguma
forma, sofrem de uma qualquer discriminação negativa.
Na verdade, enquanto houver uma pessoa em
dificuldade: física, económica, de não reconhecimento da sua dignidade, de uma
criança abandonada, de um idoso descartado pela sociedade, de milhares de
desempregados sem qualquer apoio social e outras situações atentatórias dos
direitos e deveres humanos, que assistem a todas as pessoas, o Natal é mais um
dia, no calendário anual.
É
claro que não se pretende acabar com o Natal, enquanto houver uma situação
inaceitável na comunidade humana. Importa, sim, festejar o Natal, entre todos,
com todos e para todos, mas, para que assim possa continuar, é necessário que:
se criem condições para que todas as pessoas sejam respeitadas na sua
honorabilidade; que possam desfrutar de alimentação, assistência médica e medicamentosa, trabalho, habitação, autonomia
e segurança; que quem está privado da liberdade, por qualquer circunstância
menos boa da vida, pelo menos possa ser visitada e acarinhada pelos familiares
e amigos.
O
Natal deve envolver alegria sim, mas também solidariedade, compreensão,
tolerância e respeito pela superior dignidade da pessoa humana. O Natal deve
unir-nos, os que podem que sejam generosos e ajudem os que precisam, porque de
contrário, o Natal passará a ser uma festa de quem menos precisa, da opulência,
dos consumos desregrados. Certamente, não terá sido esse, o desejo de Jesus
Cristo.
Nesta
quadra festiva, desejo-lhes um Santo e Feliz Natal. Próspero Ano Novo. Que 2019,
e todos os demais anos que se lhe seguirem, vos proporcionem a realização dos
vossos sonhos/projetos: pessoais, familiares, profissionais, culturais e
sociais, sempre com muita saúde, trabalho, amor/amizade, felicidade, paz e a
Graça Divina.
Aproveito
a oportunidade para agradecer todo o apoio que me tem sido dado ao longo o ano,
nas visitas que fazem à minha conta de Facebook, ao meu Blog e também os
comentários que produzem aos temas que vou colocando, o que constitui, para
mim, um inestimável incentivo a continuar a trabalhar no campo literário, para
uma sociedade mais humanista.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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