Trecho em que Benjamim Franklin trata do valor da leitura e de seu primeiro projeto público

    "Mais ou menos nessa época, em uma reunião de nosso clube, realizada não em uma taberna, mas em uma saleta da casa do Sr. Grace, reservada para esse fim, foi proposto por mim que, como nossos livros eram freqüentemente mencionados em nossas dissertações sobre as indagações, poderia ser conveniente para nós termos todos eles juntos onde nos reuníamos, para poderem ser consultados quando necessário. Reunindo assim nossos livros em uma biblioteca comum, cada um de nós, enquanto quiséssemos con­servá-los juntos, teria a vantagem de usar os livros de todos os outros membros, o que seria quase tão benéfico como se cada um possuísse todos eles. A proposta foi apreciada e aceita. Enchemos um lado da sala com os livros de que podíamos dispor. O número não foi tão grande quanto esperávamos. E, embora tivessem sido de grande utilidade, devido a alguns inconvenientes decorrentes da falta do necessário cuidado com os volumes, a coleção foi, depois de aproximadamente um ano, separada, e cada um levou de novo seus livros para casa. (…) "Iniciei então meu primeiro projeto de caráter público: o de uma biblioteca mantida por assinantes. Redigi as propostas, fiz com que fossem postas na devida forma pelo nosso grande escrivão, Brockden, e, com o auxílio de meus amigos do Junto, consegui cin­qüenta assinantes para contribuírem com dez xelins cada um, de início, e mais dez xelins, por ano, durante cinqüenta anos, prazo de duração da nossa sociedade. Posteriormente obtivemos o reconhe­cimento da biblioteca, sendo a sociedade aumentada para cem mem­bros. Essa foi a mãe de todas as bibliotecas mantidas por assinantes na América do Norte, hoje tão numerosas. Tornou-se em si própria uma grande coisa e cresceu continuamente. Essas bibliotecas me­lhoraram a conversação geral dos americanos, tornaram comerciantes e lavradores comuns tão inteligentes quanto muitos cavalheiros de outros países e talvez tenham contribuído, em certa escala, para a posição tão geralmente assumida em todas as colônias [as treze colônias inglesas] na defesa de seus privilégios. (…)

    Esta biblioteca forneceu-me meios de aperfeiçoamento por estu­do constante, para o qual eu reservava uma ou duas horas por dia e assim compensava, até certo ponto, a perda da educação superior que meu pai pretendera dar-me. Ler era o único divertimento a que me permitia. Não gastava tempo em tabernas, jogos ou diversões de qualquer espécie; e minha diligência no negócio continuava tão infatigável quanto necessário. 




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