Panteísmo- Maria Helena

 Eu sou a essência lúbrica do mosto
De imanações violentas e carnais...
Sou a curva das asas dos pardais
Voando à doida pelo Céu de Agosto...

Sou a última chama do Sol-posto
Incendiando os oiros dos trigais...
Sou a alegria quente dos beirais
E dos frutos do Outono o aroma e o gosto...

Sou o perfume estático das rosas...
O olhar ingênuo dos botões a abrir...
A alma incompreendida do luar...

Sou o brado das coisas silenciosas
Que têm coração para sentir
Mas não possuem voz para falar...

(Lisboa)


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