Quando eu for grande- Maria Almira Medina



Ó mãe,
Quando for grande,
Hei-de agarrar aquela estrela além,
A mais pequenina,
Que treme de medo por cima do Forte
De Santa Catarina;

Tadinha da estrela, ó mãe!...
Faz-lhe medo o mar,
Sempre a ralhar, sempre a ralhar...
Quando for grande,
Hei-de pedir às ondas barulhentas
Que batam devagar,
Devagarinho,
Devagarinho como a tua voz
A adormecer o teu menino...

Olha, vê,
Não chego à estrela, não.
Sou pequenino;
Quando for grande,
(Amanhã já sou grande, mãe?...),
Vou ao barquito do «Pereirão» de Buarcos,
E bato no mar
Até ele chorar...

E a estrela, sem medo,
Há-de deixar-se agarrar,
Porque eu sou grande,
Bati no mar!...

Quando fores rezar
Á capela do Forte
Hei-de ir de mansinho,
Mais de mansinho que as ondas a chorar,
E ponho a estrela pequenina
No teu cabelo...
Hás-de parecer Santa Catarina,
Inda mais linda!...

Depois fujo a buscar mais estrelinhas
Medrosas
E atiro-as às redes dos pescadores pobrinhos

Tás a chorar?!...
Aquela estrela não é linda se calhar...
Deixa lá, mãezinha;
Quando for grande,
Levo-te ao céu e escolhes uma maiorzinha...
(Amanhã já sou grande, mãe?...).


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