SE VIERES…- Teresa Almeida Subtil

 

Lança-me nos ombros um xaile de seda das índias
E o abalo de especiarias de Bombaim,
Tozeur ou de Fez. E chá de menta e amendoim.
Toca, toca-me a pele numa melodia andina.
E da Argentina guarda-me o arrepio do tango.
Da vertigem de Iguaçu faz-me verso-aventura
E exalta a rima que se esconde na magia
Das chaminés de fada.
Veste-me a saia mexicana bordada e comprida
Que faz do armário a 5ª avenida. Eleva-me
Na escadaria de Chichinitza e que o sol
Serpenteie a palavra.
Despe-me em Copacabana,
Capri ou Palma querida. Traz a iguana amiga
e as tulipas da Holanda. De Paris
Entrecruza a arte de rua e desce
Ao sabor de crepes e abraços.
Mete o Sena, o Tamisa, o Reno e os Fiordes
Na mesma estrofe. Traz-me terras de fogo
E os vulcões de Lanzarote,
E as cores macias das hortênsias dos Açores.
Se vieres …
Apanha um barco à deriva no Douro
Escala as arribas, dedilha um socalco de Outono
E mata a sede nos lábios abertos das folhas
Que se tingem de abandono.



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