ENTRA- Ana Moncado

 Senta-te , fica à vontade, tira o casaco.
Lembras-te: as verdades absolutas ?são tão efémeras !
E o Amor ? Sabes dele ?
Esvaiu-se num instante depois de alguns beijos !
Mas ,esquece lá isso , conta: que é feito de ti ?
das ruas nuas, há muitas luas, que não paras à minha porta.
Mas gosto de te ver ! Tens bom aspecto !
Conta lá , que tens feito ?
Trabalhas agora num sitio qualquer e ganhas "prá" bucha ?
Ou vagueias ainda como antes à procura ..............
O que procuravas tu ? Quando me encontraste
ficaste umas tantas noites a fazer-me sonhar .
E agora vens, aqui à minha caneta, outra vez,
pões-te aí na ponta da esfera e deslizas
a fazer de conta que és poema .
Gostas, não gostas, de chafurdar na tinta ?
Sujar-te todo à procura das letras certas
a fingir que me lês os pensamentos e que os ordenas
Qual tua ordem , alfabética ? ou por tamanhos ?
Que tamanhos têm os pensamentos ?
E numerá-los, nem me atrevo !
Mas tu , és sempre bem-vindo !
Trazes um não sei quê de libertação
nada faz sentido contigo , nem é preciso,
sejas poema ou não, dizes qualquer coisa
que eu não sei dizer .




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