OUTONO- José António de Carvalho

 Entregas-me teus dias em metade
Metade luz e brilho, depois noite
Dia alegria. A noite fria, açoite
O vento leva as folhas à vontade

Levanta o pó da terra ressequida
Só terra basta para não ser nada
Anseia água como amante a amada
Triste, vazia, seca, tão encolhida.

Sinto o outono da minha alma cansada
Mais pesado que o teu, mãe natureza
Foram-se os frutos, resta hoje a pobreza.

Pouco fica de vida ensolarada
Dias quentes e gente apaixonada
Venham dias que levem a tristeza!



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