Último Poema- Ana Maria Bezerra de Almeida

 Tanto tempo não te vejo
Não trilhas mais os nossos caminhos
Por onde andas nem sei
Lembro-me da festa em meus olhos quando vinhas
Hoje estendo o olhar para a rua com desencanto
Procuro o que me restou de ti
A fotografia desbotada pelo tempo
Desgastada pelos meus dedos
Ávidos por te acariciar
Serão ainda doces teus beijos?
Teus sussurros aos meus ouvidos em mim ressoam
Lembrá-los me causam suave arrepio
Por onde andas?
Que chão te sucumbiu?
Morrestes?
Por onde andas?
Dei-me conta que suicidastes
Suicidastes de mim
Suicidastes da minha vida
Não mandei flores ao teu velório
Recitei-te versos em botão
Choveu pétalas de poesia sobre teu cachão
Não joguei sobre ti a última pá de cal
Mas ultimo poema com gosto de sal.

A autora

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