Escrevo para ti- Anabela Carvalho

 Mas o que hei-de eu escrever-te?
Primeiro, tenho que encontrar-me com  o meu âmago.
E para isso preciso de silêncio e retiro.
Isolo-me intimamente.
Como se estivesse a fazer amor.

E ao encontrar-me, idealizo um mundo diferente
Sem pressas ou restrições impostas, que tanto nos atrofiam a mente
e as sensações.

Sento-me de frente do mar azul
E aí te escrevo

O sol espelha reflexos
E as ondas esbatem nas rochas 
atenuando fúrias.

Lanço a carta manuscrita ao mar
Dentro da transparente garrafa de vidro
Vai deslizando suavemente
Embalada como se de uma dança se tratasse

Observo-a com o olhar 
castanho de amêndoa torrada....
até não mais a alcançar.

Quando chegar até ti amor,
aconchega-a ao peito.
E sente-me....
Bem juntinho a ti.
Onde nós dois,
Seremos uma só alma cúmplice!



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