A cidade ainda dorme silenciosa.
A manhã estava fresca e molhada pelo orvalho matinal!
Apenas o som dos pombos, rolas e da bengala tac tac a bater no chão.
Olhei bem, na direção de onde vinha o som.
Era daquele vulto magro e franzino que pela rua deambulava.
Porte alto e elegante, camisa clara e bem passada,
que contrastava com as mãos enegrecidas
e enrugadas pelo passar do tempo.
Na mão direita transportava uma bengala que auxiliava o andar e na outra,
um saquinho transparente contendo migalhas de pão.
As pernas magras dançavam dentro das calças largas
que os suspensórios seguravam.
Afinal tinha que arranjar forças!
As pombas da rua esperavam-no e ao pão pro bico.
As forças iam fugindo.... mas a causa motivava-o para sair!
Chegado ao jardim, abriu o saco das migalhas do pão esfarelado
e despejou-o no chão.
Repentinamente, de todos os lados e direções,
os columbídeos esfomeados rodearam-no de arrulhos.
Na minha cidade, ainda há " velhos" que acordam cedo e saem à rua...
que transportam o coração nas mãos....
e fintam o tempo com o olhar!
Volvendo vida à minha cidade!!!
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