Era Dezembro Mãe- Felismina Mealha


 Era dezembro Mãe!
Tão dezembro!
Tão perto do Natal!
E eu quis vir à festa
Trazendo como prenda
o meu eu, que me ofereceste...
E que ficou tão meu, tão unicamente meu
que, sem ele...não sou eu...
Às vezes, querem que eu, não seja eu
mas eu, não sei ser outro, senão eu!
E talvez, porque recordo os teus afagos
os teus beijos, sublimados,
os teus braços e abraços
a tua voz cristalina,
eu...sou ainda uma menina!

Lembro março, florindo sem cansaço
inundando o largo espaço de poesia,
enquanto no teu regaço, eu sorria e crescia.

Lembro abril, de luz dançante
quando as nuvens com o vento se fragmentam
e desenham alegria esvoaçante.

Lembro o maio das novas aves
dos chilreios coloridos, exultantes...

Lembro, os Agostos escaldantes e longuíssimos
que queimavam apenas os dias que passavam...
E à noite, o luar, trazia mensagens de outras galáxias,
contava-me histórias, que ouvia encantada
ao som de orquestras, que não divisava.

Lembro os Outonos que amavas e me ensinaste a amar
nas cores dos poentes que namorávamos
em êxtase total,
absorvendo aromas que retenho ainda, como se o tempo
tivesse parado ali à esquina...

E eis que regresso ao dezembro de então,
trazendo na mão o presente teu...
Que era somente...A luz do que é meu!
Sorrindo me olhaste, sabendo que eu era
a pequena magia desse teu Natal,
que juntas vivemos, e fomos cantar
a essa Belém, onde de outra Maria,
um outro Menino...
Nascia também!




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