Expressões Linguísticas- Diamantino Bártolo

 

    Falar uma linguagem implica necessariamente, subordinação a regras, executar atos de acordo com certas normas. A enunciação de frases pelo falante, exige que este se refira a algo, que mencione ou designe um certo objeto, embora a referência e a predicação sejam as mesmas, elas ocorrem como partes de um ato de fala completo, sendo por isso denominadas por atos ilocucionais, quando afirmamos, perguntamos, ordenamos, prometemos; chamando-se atos proposicionais quando referem e predicam e, finalmente, atos de enunciação quando enunciam palavras.
    O verbo predicar no emprego que dele fazemos, afasta-se do uso tradicional em Filosofia, porque são expressões, e não universais que se predicam a propósito de objetos: aquelas, às quais se podem chamar verdadeiras ou falsas; a estas não.
    A noção de referência, serve para isolar ou identificar um objeto, ou uma entidade, ou ainda um elemento particular com exclusão de outros objetos, a respeito do qual o falante poderá dizer algumas coisas, portanto: a “expressão referencial” é aquela que serve para identificar uma coisa, um processo, um acontecimento, uma ação ou qualquer outro tipo de ser individual ou particular e, tais expressões, respondem às perguntas: “Quem?”, “O Quê?” e “Qual?”.
    As expressões referenciais devem distinguir-se das não-referenciais, pelo artigo indefinido, na medida em que este não identifica, em particular, o nome que se lhe segue, embora o artigo indefinido possa qualificar uma determinada ocorrência, como sendo predicativa, se colocado entre dois nomes, como por exemplo: “o automóvel é um veículo”.
    A referência não é sinónimo de “expressão referencial”, embora não haja limites precisos entre eles e assim, se a referência é um ato de fala, e os atos de fala sejam realizados pelos falantes, a expressão referencial também é utilizada pelos falantes, pelo que os atos de fala de referência devem ser explicados, dando exemplos de expressões referenciais paradigmáticas.
    Uma mesma proposição é expressa cada vez que dois atos ilocucionais contêm: a mesma referência, a mesma predicação e se a significação da expressão referencial é a mesma nos dois casos, todavia, uma proposição não é um ato de fala, porque a proposição é o que é assertado no ato de afirmação, o que é asseverado no ato de afirmação, ou seja, uma asserção é um compromisso com a verdade da proposição, o que leva a concluir que o ato ilocucional é distinto do seu conteúdo proposicional.
    Também sobre as regras dos atos de fala, é importante distinguir dois tipos que se poderão chamar de constitutivos e normativos: aquelas, governam formas de comportamento pré-existentes, ou que existem de modo independente, nomeadamente: as regras de cortesia, nas relações interpessoais; as constitutivas criam e definem novas formas de comportamento, designadamente: as regras de um qualquer jogo, que além de dizerem como se joga, criam a própria possibilidade de existência de jogar tais jogos.
Estas regras constitutivas estabelecem uma atividade cuja existência é, logicamente, dependente das regras. As regras normativas têm, tipicamente, a forma de construções imperativas. O alheamento das regras constitutivas é de alguma importância para a Filosofia, na medida em que a criação de uma regra constitutiva, cria a possibilidade de novas formas de comportamento, para obedecer à regra.
    Finalmente, a significação prende-se com os atos ilocucionais, os quais são, carateristicamente, realizados na enunciação de sons que, por sua vez, quando produzidos na execução de um ato ilocucional, têm uma significação e intenção, com captação do traço essencial da comunicação linguística.
    A intenção que vai na significação pode ser compreendia pelo ouvinte, se ele interpretar, corretamente, o ato ilocucional que pela palavra lhe transmitimos e então, adquirirá o necessário conhecimento.
    Há certos paradigmas de conhecimento, que são tomados para formar o modelo de todo o conhecimento, embora no âmbito da ética e da estética o conhecimento possa fundamentar-se em sentimentos emocionais e psicológicos, inverificáveis pela experiência das ciências da natureza.


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