CONTRIBUTO DA FILOSOFIA NA EXISTÊNCIA HUMANA-Diamantino Bártolo


    O ponto de partida para uma vida-boa, poderá estabelecer-se numa filosofia geral da existência, através das diversas especializações filosóficas, e domínios das ciências sociais – axiologia, ética, estética, filosofias da: educação, saúde, trabalho; religião, antropologia, psicologia, sociologia, direito, história, economia, entre outras áreas disciplinares, que tocam aspetos sociais. 
    Importa, neste receituário filosófico, para uma vida-boa, considerar as reflexões que conduzam à idealização e implementação de projetos verdadeiramente humanistas, porque os beneficiários diretos são os indivíduos humanos, bem como, outros seres que coabitam com a pessoa humana.
    A ciência, a técnica, a tecnologia e seus instrumentos são condições Indispensáveis para o sucesso das teorias e das críticas, produzidas pela reflexão filosófica, contudo, interessa dotar cada pessoa, desde o seu nascimento à sua morte biológica, da capacidade de pensar, livre e responsavelmente, numa perspetiva de construção de uma sociedade moderna, confortável, tolerante, solidária, produtiva e justa. 
    A aproximação dos polos, e/ou situações antagónicas, é um processo complexo, difícil, imprevisível nos seus resultados e moroso, mas impõe-se tentar implementá-lo, melhorá-lo e avaliá-lo permanentemente e, em face da necessária apreciação, corrigir se a tal houver essa carência.
    Recorre-se muito pouco e, em culturas tecnocratas, positivistas e científicas, quase nada, aos “remédios” produzidos pela filosofia do espírito: seja por preconceito; seja por descrença; seja ainda por alegada superioridade e eficácia de alguns dos outros ramos do saber e da ciência. 
    A verdade, porém, é que não está provado, pelo menos ao nível da ciência e da técnica, que a reflexão filosófica seja prejudicial à resolução de um qualquer problema individual, ou mesmo coletivo. Pelo contrário, quantas soluções se têm encontrado, para diversos problemas, após longas e produtivas reflexões, discussões, críticas, contracríticas e opiniões, filosoficamente fundamentadas?
    Seguramente que em todos os domínios, quando há debate (democrático e intelectualmente honesto), as melhores soluções aparecem, são aplicadas e os resultados obtidos, normalmente, configuram-se como os melhores. A Filosofia poderá constituir, nos tempos modernos, conturbados, violentos e impregnados de injustiças e de ódios, uma forte alternativa para a resolução de conflitos pessoais, comunitários e internacionais.
    A Filosofia não tem pretensões a um estatuto científico, possivelmente, nem haverá benefícios com a introdução de novos conceitos ou objetivos e, reciprocamente, a seu respeito, além de que, nem tudo o que é, alegadamente, científico e técnico, constitui o melhor processo, para resolver determinadas situações. 
    Por vezes, são os especialistas mais liberais que, perante problemas do foro mais íntimo das pessoas, aconselham outros “caminhos”, outras “alternativas”, porém, sem indicar quais, porque se o fizessem, estariam a reconhecer, de alguma forma, estatuto idêntico, ou superior aos seus. 
    Será muito difícil, ou mesmo improvável, ouvir um cientista, ou um técnico dos domínios das ciências, ditas exatas, ou do positivismo materialista, sugerir uma consulta filosófica (embora aconselhe, se for o caso, uma consulta de psicologia, psiquiatria, sociologia, etc.), para solucionar uma situação não estudada pelo método científico tradicional: observação, experimentação, formulação da hipótese e verificação.
    A Filosofia Clínica, está, porém, a ganhar “terreno”, no domínio científico: «…foi criada em fins da década de 1980, pelo psicanalista e filósofo Lúcio Packter, no Rio Grande do Sul. Segundo Packter, a Filosofia Clínica "direciona e elabora, a partir da metodologia filosófica, procedimentos de diagnose e tratamento endereçados a questões existenciais encontradas em hospitais, clínicas, escolas e ambulatórios. Técnicas que diferem dos métodos e fundamentos da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise: não existe o conceito de normalidade, de patologia; não existem concepções “a priori” como ‘o homem é um ser social’, ‘o homem busca a felicidade’. Tudo parte da historicidade da pessoa atendida, percorrendo-se desde o logicismo formal até a epistemologia nas questões focadas no diagnóstico dos problemas.» (PACKTER, 2011).


Bibliografia

PACKTER, Lúcio. (2001). Filosofia Clínica: propedêutica. 3ª Ed. Florianópolis: Garapuvu. (in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_cl%C3%ADnica).

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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