Natal com «Amor-de-Amigo»-Diamantino Bártolo

 
Chegou o tempo de banirmos, irreversivelmente, ódios, vinganças, obscurantismo, fome, guerras e a morte resultante daqueles «sentimentos» e situações. Está na hora da inversão de tudo quanto é indigno para o ser humano, a começar em cada um de nós, até para connosco próprios. É tempo de dar voz ao «tribunal» da nossa consciência, porque é o único que nos julga imparcialmente, mesmo que, depois, não tenhamos a coragem de cumprir a «pena» ou seguir os seus conselhos.

Mas, é claro que: todos os dias precisariam de ser Natal; todos os dias deveríamos refletir na vida e na morte; na nossa origem, mas também no nosso destino; no que fazemos e no que deveríamos fazer; pensarmos que a vida é efémera; que não somos os donos do mundo, nem da verdade, nem da vida de ninguém, nem sequer da nossa própria existência. De Onde Vimos? Quem Somos? Para Onde Vamos?

Independentemente das nossas convicções políticas, filosóficas, religiosas ou outras, a verdade é que não nos conhecemos suficientemente bem para, enquanto pessoas humanas, detentoras de imensas capacidades, poderes e oportunidades, sabermos tomar as melhores decisões, quantas vezes, nem sequer somos capazes de orientar as nossas próprias vidas, com sentimentos verdadeiramente altruístas, em proveito dos nossos semelhantes e dos benefícios que nos dizem respeito.

Em boa verdade, ALGUÉM nos deu tantas faculdades, tantas ocasiões, tanto domínio, infelizmente, nem sempre aproveitados da melhor maneira e, então, surgem os dias festivos, na circunstância, o Natal, para revelarmos, uns aos outros e ao mundo, de que estamos solidários, temos boas intenções para resolver as situações mais prementes dos que estão abaixo do limiar da dignidade humana.

No rigor da consciência de cada um, todos sabemos que não somos absolutamente perfeitos, que gostaríamos de ser melhores familiares, amigos, cidadãos. Eu próprio me considero um «pecador» em todos os sentidos, porque sou fraco, não tenho a coragem suficiente para impor a mim próprio o cumprimento integral dos valores que defendo, mas luto a cada momento da minha vida, por aquilo em que acredito, pelo exercício dos sentimentos que nutro pelas pessoas que me são especialmente queridas, pelo bom relacionamento que deve existir na sociedade em geral, e no exercício dos diversos papeis que vou desempenhando ao longo do dia e da vida. Natal também pode ser este esforço permanente.

A festa da família é, afinal a festa do mundo, porque este é constituído por famílias, extensas, nucleares e também por pessoas que vivem sozinhas, quantas vezes nas margens da sociedade: ou porque esta os excluiu impiedosamente; ou porque as próprias pessoas se autoafastaram, por já não acreditarem em nada, nem em si próprias. Natal, também deverá ser a reconciliação com a vida, com os nossos semelhantes, com a natureza em geral.

Pensar o Natal: não tanto no tradicionalismo do consumo, embora este seja necessário, desde logo para aqueles que podem; para outros que têm possibilidades de adquirir os bens materiais de primeira necessidade, para doarem aos que não têm esta capacidade; mas, ainda, no sentido da construção de um mundo mais justo, mais tolerante, mais humano. Um Natal com humanismo, no respeito pela nobreza da pessoa humana, que nasce portadora de iguais direitos de liberdade e dignidade.

Caminhar para Natais de progresso a todos os títulos, no aprofundamento, consolidação e boas-práticas dos mais elementares Direitos Humanos, desde logo os direitos: à vida; à saúde, em condições justas, com especiais preocupações para as pessoas mais carenciadas; à educação e formação; ao trabalho; à habitação em condições dignas; à justiça, enfim, aos direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A Humanidade está cansada de discórdias, de injustiças, de exclusões de toda a natureza. A comunidade global não pode continuar no rumo que tem vindo a seguir, onde o «porto seguro» não se vislumbra. O mundo não pode desperdiçar as pessoas de boa-vontade, que desejam e lutam pela Paz, pela Amizade, pela Felicidade e pela Harmonia entre todos os seres. O Natal é isto mesmo.

Esta minha reflexão muito especial, muito particular, embora a deseje tornar pública, como uma espécie de contributo, para que o Natal seja verdadeiramente a Festa da Família Humana, mas a começar por mim próprio, pela minha família, amigos e todas as pessoas que comigo se relacionam.

Aproveito esta oportunidade: primeiro, pedir desculpa por algum erro que, involuntariamente, tenha cometido e, com ele, magoado alguém; depois, para desejar um Santo e Feliz Natal, com verdade, com lealdade, com gratidão, seja no seio da família, seja com outras pessoas, com aquela amizade de um sincero «Amor Humanista», sentimentos de tolerância, de perdão e muito reconhecimento pelo que me têm ajudado, ao longo da minha vida, compreendendo-me e nunca me abandonando.

É este Natal, praticamente simbólico, que eu desejo festejar com a alegria possível, pesem embora as atuais restrições e condicionalismos, impostos por um conjunto de situações cruéis, que atiram cada vez mais pessoas para a miséria, fome e morte.

Igualmente desejo para todas as pessoas, independentemente de posições estatutárias, um próspero Ano Novo de 2024, pesem, embora, os conflitos armados existentes um pouco por todo o mundo, alguns deles levando as pessoas à degradação humana, à miséria, à fome e finalmente à morte.

Anseio para todo o ser humano: Saúde, Trabalho, Amizade/Amor, Felicidade, Justiça, Paz e a Graça Divina. A todas estas pessoas aqui fica, publicamente e sem reservas, a minha imensa GRATIDÃO.



Venade/Caminha – Portugal, 2023

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente Vitalício (Não Executivo) do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

site@nalap.org



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